O ano de 2014 mal começou e as notícias que chegam para o setor gráfico não são nada animadoras.
A sueco-finlandesa StoraEnso, uma das maiores fabricante de papel do mundo, anunciou em janeiro que pretende fechar permanentemente no primeiro trimestre deste ano uma máquina de papel revestido na Finlândia. Com isso, deixará de ser produzido 190 mil toneladas de papel por ano.O Motivo é o "enfraquecimento estrutural" da demanda por revistas na Europa.
A finlandesa UPM também anunciou que fechará permanentemente a fábrica de papel em Docelles, na França, depois de ter deixado por um ano a venda a fábrica e não ter encontrado nenhum investidor interessado no negócio. Com isso, deixarão de ser produzidas mais 160 mil toneladas ano de papel não revestido.
Segundo a consultoria finlandesa Pöyry, em um estudo realizado, a tendência é que novas fábricas venham fechar nos próximos anos na Europa. Na América do Norte a perspectiva também não é boa, e a previsão é de que deixem de ser consumidos 8 milhões de toneladas de papel até 2025. Como reflexo a InternationalPaper (IP) anunciou o fechamento gradual de sua maior fábrica de papel para impressão no Alabama.
As informações vindas de consultorias e de industrias é que a migração para os meios digitais na Europa e América do Norte continue nos próximos anos e a demanda pelo papel impresso continue a diminuir consideravelmente.
A KBA anunciou uma reestruturação estratégica, na qual terá fechamento de fábrica e o desligamento de aproximadamente 2000 colaboradores. A Ryobie Mitsubichitambém anunciaram uma parceria estratégica prevendo uma fusão, enquanto a Heidelberg prevê uma queda de pelo menos 10% em sua receita brutano seu ano fiscal.
No Brasil a previsão é de que a indústria gráfica tenha uma queda de aproximadamente 5,4% na sua produção em 2013, segundo dados da Abigraf Nacional, e a mesma entidade ainda faz uma previsão de queda de 1,7% para o ano de 2014, mesmo havendo eventos de grande porte, como as eleições, que consomem ainda muito papel impresso, e a copa do mundo.
O que estamos vendo acontecer está longe de serem considerados fatos isolados e pontuais, que por algum acaso estão atrapalhando o crescimento, ou o bom andamento do setor gráfico. Vemos de fato uma mudança estrutural na forma como o mundo se comunica. Essas mudanças tem afetado consideravelmente o setor de impressão e por mais otimistas que queiramos ser é indiscutível que essa é uma fase que teve data para começar mas infelizmente, sem previsão de término. A mudança na forma de se comunicar continuará e cada vez mais se utilizará dos meios digitais, diminuindo ainda mais a demanda pelo papel impresso.Isso não quer dizer que será o fim definitivo da indústria da impressão, mas aindústria precisará se reinventar, assim como já vem acontecendo com as novas tecnologias que permitem um leque muito grande de serviços, mas que ao invés de serem tratadas como aliadas do empresário gráfico, são tidas como ameaças.
Citamos o exemplo de como as empresas fornecedores de equipamentos e matéria prima para a indústria gráfica vem promovendo mudanças profundas em suas estruturas para sustentarem a saúde financeira e se manterem ativas no mercado. Seria muita ingenuidade, ou ignorância, do empresário gráfico acreditar que não precise também promover mudanças para se adequar a este novo cenário mas infelizmente o que vemos é apenas um número muito restrito de empresas preocupadas em mudar.
O grande problema de situações de crise como esta é a de que empresas que não tem uma cultura empresarial moderna, dinâmica e eficiente baseada em conhecimento científico e acadêmico acabam promovendo mudanças pouco eficazes que não geram o resultado que se imaginava alcançar, ou então,adotam um estado de letargia, ou seja, ficam estáticas, sem ação, apenas reclamando ou tentando encontrar um fator externo como a concorrência, o governo, as importações da china, para justificar o insucesso enquanto assistem o seu patrimônio ser corroído pela incapacidade de uma boa gestão, e nesse caso quando se dá conta, já é quase tarde demais para se tentar reverter a situação.
Ao mesmo tempo em que a crise do setor promove de forma dura a seleção natural das empresas gráficas que ficarão no mercado nos próximos anos, também se abrirão várias oportunidades de crescimento para aqueles que empregarem as mudanças na direção correta. É necessário que o empresário se mova! Seja através de uma fusão com outra gráfica que tenhacultura ou objetivos semelhantes e que essa união permita se fortalecerem no mercado, ou então ainda vender a sua empresa enquanto ela ainda é atraente a possíveis investidores também pode ser uma boa opção.Só não fique parado esperando que as coisas mudem como num passe de mágica porque isso não vai acontecer, promova a mudança, ou então você será uma vítima da mudança dos outros, e neste caso a consequência é a morte.
Silvio Molin
Consultor de empresas especializado em gestão da Indústria Gráfica
(41) 9105.1514
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